Uma das maiores
queixas que chegam ao consultório é a dificuldade em conviver com quem amamos.
Seja pelas diferenças ou semelhanças, estar unido por laços amorosos exige
grande esforço psíquico e físico. Neste texto te proponho uma reflexão sobre o
que você leva para seu relacionamento, seja de namoro ou casamento.
Quando pensamos
em relacionamento a dois surge, quase que instantaneamente, uma lista mental de
como ele deve funcionar e quais outros sentimentos positivos devem coexistir
para que tenha longa duração. É daí que começam os problemas.
Segundo “outro”,
ou seja, ninguém consegue sobreviver sozinho. Desde o nascimento somos seres
dependentes, a começar pela nossa mãe, principal fonte de alimento, carinho e
afeto, e ao longo da vida caminhamos para autonomia, (não para independência
utópica) e como seres livres, escolhemos nos unir a outra pessoa.
Quando se trata
de amor (romântico, sexual e conjugal), nos prendemos as nossas expectativas de
como o outro deve ser, ideal. Ao nos
apaixonarmos, somos levados por nossas emoções e caímos na ilusão do ser perfeito. Superestimamos a pessoa
amada e por um momento esquecemos que também existem sentimentos hostis em uma
relação. Porém, isso é uma fase que passa, e na convivência os defeitos
aparecem (Viorst, 2005).
Na relação
amorosa conhecemos o outro, sabemos o que o ofende e o que o agrada. Isso se
torna uma arma que pode ser usada a favor ou contra seu relacionamento, pois o
outro também está munido. É ai que se torna evidente a maneira que o casal
estabelece sua fronteira de contato, como eles escolhem se aproximar e se
afastar em certos momentos. Assim como se abrir para o outro é uma exposição
necessária, fechar-se também é (Polster e Polster, 2001).
A compreensão da
forma e da intensidade que o outro amado afeta o parceiro está diretamente
ligada a maneira como este lida com suas frustrações e expectativas. Juntamente
com eles estão as promessas não cumpridas, falta de lealdade, intolerância com
as falhas e defeitos do companheiro, infidelidades e brigas por assuntos pouco
importante. A falta de amizade surge já que as expectativas não realizadas se
tornam espelho de tudo que falta no relacionamento. As vezes passamos a odiar o
outro porque simplesmente ele não corresponde as nossas expectativas e desejos
impossíveis (Viorst, 2005).
A construção de
uma relação saudável passa pela desconstrução parcial ou total dessas barreiras
que nos impedem de ver o outro como ele realmente é. Ter capacidade de sentir empatia
e carinho, respeitando os limites do que causa dor no(a) companheiro(a), sendo
consolo sempre que necessário. E se o amor seguir, saber ser grato a esse outro
que se doou para encontrar, receber e compreender.
Essa desconstrução
de conceitos que são arraigados em nós é um processo constante e difícil que
nem sempre dá pra fazer sozinho. Nessa hora o profissional de psicologia pode
te ajudar a lidar com essas barreiras e ter um relacionamento saudável. Ficar bem com você é o primeiro passo para
ficar bem com o outro.
Referências Bibliográficas
Buber, M. (1974) Eu e Tu.
São Paulo: Centauro
Polster E., Polster M. (2001)Gestalt-terapia integrada. São Paulo:
Summus
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