A área de Psicologia
Organizacional e do Trabalho é a segunda área que mais emprega profissionais de
psicologia no Brasil. A primeira, se você está curioso, é o setor público, por
meio dos seus diversos órgãos (CRAS, CREAS, CAPS, UBS, Hospitais, etc.). Ou
seja, as possibilidades de empregabilidade no Brasil na área de psicologia vão
passar necessariamente, em algum momento, pelo concurso público, contrato público
por meio de cargo comissionado, ou então, na área de recursos humanos de
pequenas, médias ou grandes empresas.
Mas eu quero contar uma coisa que
tem sido alvo de minhas reflexões: o psicólogo organizacional tem sido
subutilizado no país! Na maioria das vezes ele é contratado simplesmente para
processos operacionais de Recrutamento e Seleção, e passa, grande parte do
tempo, produzindo laudos ou relatórios sobre candidatos que passaram por algum
tipo de avaliação.
Não são muitas as empresas que
investem em outros subsistemas da Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT,
para os mais íntimos), como Treinamento e Desenvolvimento, Avaliação de
Desempenho, Plano de Carreira, Cargos e Salários, dentre outros. Desta forma, o
psicólogo dentro da empresa, passa a maior parte do tempo fazendo avaliações
psicológicas, muitas delas em grande escala, e não possuem oportunidades para
tentar utilizar de todo o seu conhecimento em outras áreas de sua empresa. Mas
porque isso acontece?
Primeiramente, porque o meio
empresarial fala a linguagem dos números, gosta da precisão e não possui muita
tolerância à falta de objetividade... e como nós, psicólogos, sabemos ser
prolixos e advogar sobre a subjetividade subjetivante subjetiva galopante. Os
nossos discursos psicológicos ainda, em grande parte, não conseguiram se adaptar
ao grande meio produtivo. Note bem que, isso não quer dizer que tenhamos que “vender
nossa alma” ao diabo, para fazer o patrão lucrar! Mas significa que podemos
encontrar uma nova forma de comunicar as potencialidades da psicologia em um
árduo trabalho de mediação entre as forças de mercado e as necessidades
individuais dos trabalhadores.
Desta forma, o que eu quero dizer
é que, é possível e necessário que aprendamos a entender a linguagem
corporativa para “vender o peixe da psicologia”, de modo a fazer-nos entender
que esta ciência está comprometida também (mas NÃO SOMENTE) com os interesses
comerciais, afinal de contas, todos têm o direito de almejar boas condições de
vida, de lucro, financeiras, etc.
Mas hoje, eu quero falar sobre
como a psicologia pode se inserir nos diferentes níveis de atuação
organizacional nas empresas. São três as possibilidades de atuação do psicólogo
nas empresas, sejam elas, pequenas, médias ou grandes:
A primeira delas é no nível
operacional, muito importante, a base do funcionamento de todas as empresas,
mas infelizmente, poucos profissionais da psicologia conseguem fazer mais do
que isso. O nível operacional é composto por atividades sobre as quais o
trabalho volta-se à interesses de curto ou curtíssimo prazo, e são atividades
que não exigem grande capacidade criativa, analítica ou flexibilidade. Aqui,
por exemplo, podem encontrar-se os processos de recrutamento e seleção em
grande volume, avaliações psicológicas estandardizadas, triagem de vagas, etc.
O segundo nível é o tático, onde o psicólogo pode auxiliar,
por exemplo, os setores de analistas e gerentes no desenvolvimento de
atividades de aperfeiçoamento da instituição. Aqui pensam-se as ações que
impactam setores da organização e que podem ter grandes efeitos em médio prazo.
Por exemplo, pode-se pensar um tipo de treinamento específico para um conjunto
de pessoas dentro da empresa, para um projeto específico, etc.
O terceiro nível, onde
pouquíssimos psicólogos conseguem chegar, é o estratégico! Aqui as decisões influenciam toda a empresa, e o
profissional lida diretamente com a diretoria, ou com setores chave, onde
desdobrar-se-ão atividades que terão impacto direto sobre toda a organização.
Geralmente, paga-se mais caro e
exige-se muito mais do psicólogo que está no terceiro nível, e ele precisa
saber muito mais do que SOMENTE PSICOLOGIA. Ele precisa ter um amplo e
específico conhecimento dos movimentos de mercado, precisa saber se posicionar
frente a diversos problemas e precisa ter uma capacidade de resolução de
conflitos enorme. Não significa, todavia, que o psicólogo que trabalha em nível
operacional seja menos valioso para a empresa, ou que seja um demérito
desempenhar tais tipos de função, mas é interessante e necessário mostrar ao
meio corporativo que nós podemos oferecer muito mais possibilidades do que
simplesmente ficar contanto palitinho de teste psicológico.
Na medida em que o profissional
de psicologia mostra que é capaz de agregar grande valor às empresas, mercado
sabe reconhecer e remunerar, inclusive, este candidato de uma forma melhor. É
desta forma que se faz uma escalada profissional mais efetiva, mostrando que a
qualidade do seu serviço enquanto profissional de psicologia pode gerar grandes
resultados objetivos e práticos para a empresa, em curto, médio e longo prazo.
Você, fazendo a sua autoanálise,
tem consciência em que nível está hoje? E se você quiser chegar ao nível
estratégico, tem habilitações suficientes para isso? Sua formação, a qualidade
do seu conhecimento, e as suas habilidades interpessoais conseguem te colocar
neste espaço?
Deixe nos comentários e acompanhe
nosso trabalho que, brevemente, teremos novos materiais para fazer você
refletir sobre como alcançar melhores resultados em sua carreira.
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Sobre o autor
Murillo Rodrigues dos Santos, psicólogo (CRP 09/9447) graduado pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com formação em Terapia de
Casais e Famílias pela Universidad Católica del Norte (Chile). Mestre em
Psicologia pela Universidade Federal de Goiás (Brasil). Doutorando em
Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasília (Brasil). Possui
formações em Gestão, Empreendedorismo e Políticas pela Fundação Getúlio Vargas
(Brasil), Fundación Botín (Espanha), Fondattion Finnovarregio (Bélgica), Brown
University (EUA) e Harvard University (EUA). Diretor do Instituto Psicologia
Goiânia, psicólogo clínico e organizacional.
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