É um adoecimento psíquico causado pelos altos níveis de estresse e pelo estado emocional desequilibrado, desenvolvidos a partir de condições de trabalho desgastantes. A síndrome de Burnout é causada por exaustão extrema (física ou mental) e estresse, e a principal causa da doença é o esgotamento profissional, ou seja, o excesso de trabalho.
Burnout
x Estresse
É muito comum que as pessoas confundam a Síndrome
de Burnout com o estresse porque os
sintomas do estresse constante estão presentes nesta síndrome, ou seja, é uma
consequência deste estado quando ele é crônico.
A principal característica da síndrome de Burnout é o estado de exaustão e
tensão emocional, provocado por condições de trabalho desgastantes. Por
sua vez, o estresse é uma reação do corpo a situações de ameaça - trata-se de
um “estado de alerta”, uma resposta biológica normal para nos proteger em
momentos de risco.
Estágios
da síndrome de Burnout
·
Dedicação intensa e descontrolada ao trabalho;
·
Descaso com as próprias necessidades pessoais, como
dormir, comer ou sair com os amigos;
·
Fuga de conflitos: a pessoa percebe que as coisas
não estão bem, mas não enfrenta os problemas. É neste estágio que começam a
surgir às primeiras manifestações sintomáticas físicas;
·
Reinterpretação de valores: coisas como lazer,
amigos, familiares e vida social começam a perder seu valor;
·
Negação dos problemas: a pessoa se nega a aceitar
que tem problemas e começa a se afastar dos círculos sociais;
·
Recolhimento e aversão à socialização: a pessoa se
recusa a comparecer a reuniões e evita diálogos, perdendo a vontade de sair de
casa;
·
Despersonalização: há momentos em que a pessoa não
se reconhece ou não tem controle sobre o que diz; surgem mudanças de
comportamento e de humor;
·
Tristeza intensa: a pessoa começa a demonstrar
traços de desesperança, exaustão e indiferença; a vida perde o sentido, cria-se
a sensação de que tudo é complicado e desgastante;
·
Colapso físico e mental: é o estágio considerado de
emergência e é preciso buscar ajuda médica e psicológica com urgência.
Os principais sinais da Síndrome
de Burnout são:
·
Cansaço excessivo, físico e mental;
·
Dor de cabeça frequente;
·
Fadiga e dores musculares;
·
Pressão alta e alteração nos batimentos cardíacos.
·
Alterações no apetite: perda da fome ou compulsão
alimentar;
·
Problemas gastrointestinais;
·
Insônia e alterações no sono;
·
Dificuldades de concentração e memorização;
·
Sentimentos de fracasso, incompetência,
desesperança, derrota e insegurança;
·
Negatividade constante;
·
Isolamento;
·
Alterações repentinas de humor.
·
Ausências no trabalho;
·
Agressividade;
·
Irritabilidade;
·
Depressão;
·
Baixa autoestima.
Como
prevenir a síndrome de Burnout?
Evitar situações
desgastantes no trabalho, praticar atividades físicas e de lazer, sair da
rotina, e estar acompanhado de pessoas com as quais você se sinta bem. Também é
importante evitar contato com pessoas e ambientes “negativos”, que lhe causem
mal-estar, além de consumo excessivo de bebidas alcoólicas, cigarros e outras
drogas, pois estes agravam os sintomas. É fundamental descansar bastante à
noite, dormir pelo menos oito horas por dia, manter o equilíbrio entre o
trabalho, o lazer, a vida social, a família e as atividades físicas. Também é
preciso aprender a avaliar quando as condições de trabalho estão
interferindo em sua qualidade de vida e prejudicando sua saúde física e
mental, bem como sobre a possibilidade de propor uma nova dinâmica para as
atividades diárias e objetivos profissionais.
Por último, e
não menos importante, nunca hesitar em procurar ajuda profissional: A saúde
mental é tão importante quanto à física, e um psicólogo pode avaliar as
condições e formas de tratamento desta doença tão presente no século XXI.
Abaixo
para ter acesso ao relato de uma paciente que passa por esta dificuldade:
“Em relação ao
meu Burnout, o que causou foi justamente que a alguns anos, principalmente de
2020 pra cá, a questão da pandemia, eu tive um aumento na minha carga de
trabalho e isso associado que teve alguns problemas financeiros e acabei
trabalhando muito. No ano de 2021 eu cheguei há trabalhar 14 horas por dia em 3
locais diferentes, mais os trabalhos que eu pegava como freelancer, eu tinha uma carga de trabalho muito alta. No meu caso
eu não tive problemas de relacionamento no trabalho, nenhum tipo de assédio
moral ou cobranças excessivas, mas é preciso lembrar que estávamos em um
momento de muita instabilidade, muito medo. Lembrando, em um dos locais que eu
trabalhava, possuía uma gestão, não a minha gestão direta, mas a gestão do
local era muito instável, então atribuo também a um desses locais em que
trabalhei por 3 anos e já tem 1 ano que sai.
Eu
comecei a sentir a questão do Burnout especificamente quando essa onda muito
intensa de trabalho foi passando, fui conseguindo ajustar minha carga horária.
Embora eu ainda trabalhe muito, mas está bem menos do que era. A questão é que
você sempre se entrega muito ao trabalho e pra mim trabalho sempre foi uma
válvula de escape, pois sempre gostei muito do que eu faço.
O
Burnout eu comecei a ver que estava tendo quando principalmente agora de agosto
até o momento eu comecei a sentir uma exaustão física muito grande, mas até
então não estava atendendo o porquê desta exaustão, mas comecei a ter algumas
questões psicológicas com crises de ansiedade, desanimo, dormindo pensando em
trabalho, quando estava em uma festa me sentia culpada por não estar
trabalhando, isso vai causando uma série de sintomas físicos, de ansiedade,
tristeza e angústia. Então tive uma crise onde fiquei cinco dias sem trabalhar,
muitos sintomas físicos, muitas dores, dores de cabeça, nas costas, possuo um
nervo inflamável e estava mais inflamado ainda.
Faço
tratamento com Psicólogo (a) e precisei entrar com medicação antidepressiva
para ajudar na recuperação.
A
sensação que sinto é de vazio, as coisas perdem um pouco o sentido, estou um
pouco ligada no piloto automático. No momento da crise mais intensa eu chorava
se estivesse diante do meu computador, dava crises de ansiedade, o telefone
toca e já me da um nervo e tem a questão de não querer ir trabalhar, pois você
não consegue estar lá, ao mesmo tempo em que você quer fazer, já não quer,
então é algo que te trava e isso causa muita angústia, acaba te prejudicando em
outros aspectos da vida também. É importante procurar ajuda, conversei com toda
a minha chefia, com meus colegas de trabalho, falei sobre o assunto e fui
entender um pouco como eu estava dentro desse processo. Trabalhar o
autocuidado, respeitar os limites, no meu caso eu não pude parar trabalhar,
somente peguei pequenos atestados bem pontuais.
O
recadinho que eu deixo é entender que trabalho é bom, é bacana gostar do que
fazemos, mas devemos gostar, mas de nós mesmos. O trabalho é uma parte da nossa
vida, não deve ser a nossa vida toda. Não tem problema em dedicarmos, mas é
preciso entender que trabalho não é tudo, que devemos estar bem, então é por o
pé no freio e seguir em frente.”
MATILDE
(Nome fictício).
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Texto por: Isadora Silva dos Reis - Estagiária do Instituto sob a supervisão do Psicólogo Murillo Rodrigues dos Santos (CRP 09/9447).
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