Já imaginou como seria seu relacionamento
se você e seu cônjuge conseguissem dialogar de forma mais saudável e
inteligente?
É sobre isso que vamos falar hoje,
o relacionamento amoroso é uma relação íntima entreduas pessoas que apresentam identidades próprias, histórias de vida e percepções
de mundo diferentes, que ao se relacionarem começam a compartilhar seus
projetos de vida e a desenvolver uma identidade conjugal. Sendo assim, ao se
engajar em um relacionamento, cada cônjuge experiencia a reorganização e a
modificação da sua realidade individual, desenvolvendo então um “eu conjugal”,
a construção de um mundo em comum (Féres-Carneiro & Diniz Neto, 2010).
Com essa reorganização e a modificação da realidade individual os
cônjuges começam a enfrentar alguns conflitos, até mesmo em relacionamentos
considerados satisfatórios.Como falamos anteriormente são duas pessoas com
histórias de vidas diferentes, então é normal ter conflito, se temos conflito e
discordâncias até com os nossos pais e irmãos, que dirá com essa outra pessoa
que entrou na sua vida.
Nesses conflitos cada membro acaba
culpando o parceiro pelos problemas que estão enfrentando, não reconhecendo a
sua participação nesse processo. A incapacidade de resolver problemas é um dos
fatores mais característicos nos relacionamentos perturbados. Os cônjuges acabam
acumulando ressentimentos devido aos conflitos que não foram resolvidos no
relacionamento (Schmaling, Fruzzetti & Jacobson, 1997 apud Silva & Vandenberghe, 2008). A dificuldade na
comunicação também é outro fator conflitante na relação amorosa que, na
tentativa de resolver o problema acaba agravando ainda mais ou desencadeando um
novo conflito.
Na interação entre o casal
existem comportamentos que desencadeiam conflitos que podemos chamar de
gatilhos, como por exemplo: críticas, exigências, acúmulo de aborrecimentos e
mágoas são eventos que desencadeiam desavenças.
Homens e mulheres lidam de
maneiras diferentes quando estão estressados, as mulheres geralmente preferem
conversar sobre o problema e os homens preferem o silêncio para resolver. “O
homem, por consequência sociocultural, tende a expressar menos os sentimentos e
prefere evitar a discussão”, enfatiza a psicoterapeuta Talyta. E aí começa o
distanciamento entre o casal, a mulher sente-se ignorada e o homem não acha
necessário falar sobre o problema, claro que tem exceções, mas normalmente adinâmica
do casal é dessa forma.
A comunicação é muito
importante para mudar comportamentos inadequados de ambos e melhora a relação,
a falta da comunicação leva os cônjuges a fazerem más interpretações do
acontecimento gerando mágoas e aborrecimento. Para
Guareschi “é a comunicação que constrói a realidade, ou seja, algo existe ou
deixa de existir, à medida que é comunicado. É por isso que a comunicação é
duplamente poderosa: tanto pode criar realidades, como pode deixar que existam
pelo fato de ser silenciadas.” (MATOS, 2003).
De acordo com alguns estudos a diferença entre
a comunicação de casais e de pessoas estranhas é que, na conversação entre o
casal, um dos parceiros interrompe mais o outro, ferindo os sentimentos um do
outro, usando palavras que ferem e são mais rudes entre si. O que não ocorre
entre pessoas estranhas.
A comunicação é a principal ferramenta para a
construção de uma relação saudável, essa ferramenta é condição sine qua non, ou seja, essencial para o
fortalecimento da relação, no desenvolvimento da empatia, na troca de ideias,
opiniões e ponto de vista de cada um, MAS a comunicação assertiva não é algo
fácil de desenvolver, é necessário paciência, autocontrole, flexibilidade e,
acima de tudo, força de vontade para construir uma relação satisfatória.
Então, o que posso fazer para melhorar a
comunicação no meu relacionamento?
Em
primeiro lugar é necessário compreender a dinâmica da comunicação, onde um fala
e o outro escuta, sem interrupção. Um ponto importante é NÃO criar altas
expectativas em relação ao outro, nem sempre este vai falar o que você quer
ouvir, lembre-se, são duas pessoas com pontos de vista diferentes,cada membro
aprendeu como se comportar num relacionamento íntimo por intermédio das
diferentes experiências de uma vida inteira, inclusive de suas experiências contínuas
dentro do relacionamento presente. Então aprenda a se colocar no lugar do
outro, pare de querer provar que você está certa e ponto final, o importante é
ajustar as regras do relacionamento, começar a ter estratégias de resolução de
problema, mas esse tema vai ser para um futuro texto.O que eu quero enfatizar
aqui é a comunicação assertiva no relacionamento, uma ferramenta indispensável
para uma relação feliz.
Conforme
pontua Sherman, Oresky e Rountree (1991) os principais aspectos para uma
comunicação assertiva são: criar um ambiente seguro, saber o momento apropriado
para conversar, expor sua opinião quando observar que o parceiro não está sob
estresse, enviar mensagens claras sobre o que quer, não reter informações, ser
específico e não vago, informar em vez de esperar que o outro saiba, eliminar
mensagens duplas (por exemplo: “sim, mas”), falar um problema de cada vez, não
alterar a voz, manter contato visual, e cuidado com as palavras, não usar palavras
que diminua o outro, estar aberto para feedbacks e saber ouvir o ponto de vista
do outro. Um ponto importante antes da comunicação é avaliar se o que você vai
falar é necessário, “Está na hora de falar isso?”, “Será que é construtivo
falar isso?”. As mensagens devem ser formuladas de maneira positiva, visando à
interação recíproca e, de maneira específica, ao favorecimento da clareza.
Para
aqueles casais que estão em crise e não estão conseguindo ter uma comunicação
assertiva, o processo terapêutico pode ajudar. A psicoterapia de casais auxilia
os cônjuges na busca do autoconhecimento a fim de desenvolver uma comunicação
assertiva no relacionamento. Você vai entender que a vida a dois tem muito mais
prazer do que já imaginou.
Referências:
Féres-Carneiro, T., & Diniz Neto, O. (2010).
Construção e dissolução da conjugalidade: padrões relacionais. Paidéia
(Ribeirão Preto), 20, 269-278.
Matos
AM (2003). Filosofia. Curitiba: Iesde Brasil;
Schmaling,
K. B., Fruzzetti, A. E. & Jacobson, N. S. (1997). Problemas conjugais. Em
K.Halton, P. M. Salkovskis, J. Kirk & D. M. Clark (Orgs.), Terapia
cognitivo-comportamentalpara problemas psiquiátricos: um guia prático (pp.
481-527). São Paulo. Martins Fontes.
Silva,
L. P, Vandenberghe, L. (2008). A importância do treino de comunicação na
terapia comportamental de casal. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 13, n. 1, (p.
161-168).
Sobre a
autora:
Mylena Moreira
Melo, psicóloga (CRP 09/11177) graduada pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), psicoterapeuta de crianças,
adolescentes e adultos, atua com ênfase na Psicologia Comportamental.
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