O
Bullying se caracteriza por um conjunto de comportamentos de cunho agressivo,
intimidador e repetitivo adotado por um ou mais estudante contra outro causando
angustia, repressão e dor. Geralmente o agressor tem algum tipo de vantagem
sobre a vítima, como tamanho, idade e influência dos outros colegas,
evidenciando uma relação desigual de poder. (Neto, 2005). Tem como objetivo
ridiculizar ou expor causando mal-estar de forma intencional e repetitiva
(Carvalhosa, Lima e Matos, 2002).
O
perfil do agressor é provocador, intimidador sem nenhum motivo aparente. Tem
atitudes positivas para com a violência e maior probabilidade de se sentirem
deprimido. Apresenta dificuldade em fazer amizade e se relacionar com os pais.
Já a vítima tem atributos de passividade, poucos amigos e sofrem rejeição dos
pares. Também se sentem deprimidas (Carvalhosa e colaboradores, 2002).
Em
uma conversa informal sobre esse tema percebi que parte os efeitos do bullyingsão
pouco entendidos ou simplesmente justificados com frases como: “eu sempre tive vários
apelidos e nem por isso me tornei uma pessoa ruim” ou “isso é coisa de criança,
acontece com todas” ou ainda “eu também colocava apelidos maldosos nos meus
colegas de sala”. De fato, esse comportamento é comum,mas qual é o limite para
essas brincadeirinhas não virarem violência? Qual é a interferência disso no
desenvolvimento psicológico da criança? Como combater esse tipo de
comportamento?
Para
compreender a complexidade da violência é necessário concebe-la como um
fenômeno sociocultural porque afeta o homem em sua totalidade gerando agravos
físicos, mentais, emocionais e espirituais, diminuindo assim sua qualidade de
vida. Com efeitos negativos na saúde coletiva do indivíduo, ações que previnam
atos violentos devem ser realizadas desde a primeira infância até a terceira
idade.
Estando
envolvida na vida do homem desde muito cedo, a violência é considerada um
problema de saúde pública, acarretando enormes gastos com suas consequências.
Para combater esse mal é indispensável desenvolver políticas públicas que
estimulem a culta da paz a começar pelas crianças.
Entender
de que forma o bullying aparece nas escolas é uma maneira de traçar estratégias
de enfrentamento, porém para isso se faz necessário uma rede que envolve toda
comunidade escolar. Os professores devem estar atentos a forma que as crianças
e adolescentes se relacionam e os pais devem saber o que acontece para além das
notas.
Ampliar
o olhar para a criança, sendo ela vítima ou agressora (podendo ela transitar
entre esses dois papéis) é um desafio diário das pessoas que se relacionam com
esses seres em construção. A postura ética assumida por esses adultos deve
partir do ponto de vista da própria criança considerando sua capacidade de
ajustamento criativo e sua individualidade (Lizias, 2010).É importante lembrar
que essa é uma fase de infinitas descobertas onde o respeito ao outro pode ser
ensinado de diversas formas: estimulando, corrigindo, sendo rede de apoio e
segurando confiança.
Adotar
e cultivar atitudes de inclusão, auto percepção e equidade são possibilidades
de intervenção. Uma das técnicas que pode ser usada é a desenho do contorno do
corpo, desenho em grupo onde todas crianças fazem um mural comum, jogos de
trocas de papéis, trabalho com argila, entre outros (Oaklander, 1980). Usando
recursos básicos em sala ou em casa é possível encontrar-se com a necessidade
da criança de ser ouvida, dando o subsidio necessário para a melhor forma de
crescimento e desenvolvimento para a criança.
Referências
Carvalhos,
S. F., Lima, L., Matos, M. G.(2002). Bullying
–A provocação/vitimação entre
pares no contexto escolar
português.Retirado dia 18 de
abril de 2018 do endereço: https://doi.org/10.14417/ap.21
Lizias,
S.(2010). Epistemologia Gestáltica e a Prática Clínica com Criança. Em Anthony,
S.(Orgs) A clínica gestáltica com
crianças Caminho do Crescimento. São Paulo: Summus.
Neto,
A. A. L. (2005) Bullying comportamento agressivo entre estudantes.
Retirado dia 18 de abril de 2018 do endereço: http://www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa06
Oaklander,
V. (1980). Descobrindo crianças: a abordagem gestáltica com crianças e
adolescentes. São Paulo: Summus.
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Sobre a autora:
Carolina Duarte de
Oliveira, psicóloga (CRP 09/012002), graduada pela PUC-Goiás (Brasil), pós-graduanda
em psicologia clínica com ênfase em Gestalt-terapia.
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