A cada dia a ditadura da estética toma proporções
maiores e a busca pelo corpo perfeito se torna quase uma obrigação. A
diversidade dos meios de comunicação com a facilidade ao acesso à informação
nos dias atuais favorece ainda mais este cenário. Mas ao se falar em cirurgia
bariátrica é necessário ir além desse contexto, uma vez que a obesidade é uma
doença que pode levar à morte. E a decisão pelo procedimento cirúrgico é apenas
uma etapa do tratamento.
Quando alguém chega ao ponto de decidir pela
cirurgia, possivelmente já passou por várias tentativas de emagrecimento, já
ouviu vários comentários sobre seu excesso de peso e, às vezes, até já tenha
sofrido alguma forma de preconceito. Fatores emocionais, estresse e ansiedade
se fazem presentes na vida dessa pessoa e aumentam ainda mais seu sofrimento. O
papel do psicólogo é justamente acolher este indivíduo e avaliar seu aspecto
emocional e psicológico com o intuito de prepará-lo para um momento tão
importante em sua vida.
Saber se a intervenção cirúrgica esta sendo
procurada para a solução de um problema que abrange aspectos físicos, psíquicos
e sociais, ou se está sendo buscada como uma tábua de salvação é crucial. A
expectativa de um corpo perfeito acompanhado do desejo de aceitação social
existe, mas não pode sobrepor à necessidade de melhorar a saúde. O profissional
especialista no assunto auxiliará na distinção dessa demanda.
Dessa maneira, cabe ao psicólogo a investigação do
estado emocional do paciente candidato à cirurgia, sua maneira em lidar com a
obesidade e os prejuízos causados em sua vida. Através dos instrumentos
próprios, verificará se há presença de compulsões, os níveis de ansiedade e
estresse presentes no indivíduo e ainda a existência de qualquer tipo de
transtorno psíquico que possa inviabilizar o procedimento. Além disso, haverá o
manejo das fantasias acerca do emagrecimento, bem como o controle das
expectativas exageradas que afetam significativamente o pós-cirúrgico.
Depois da cirurgia, a participação do psicólogo ainda
se faz importante, porque ele acompanhará o paciente na mudança de sua rotina montando
estratégias de adaptação à nova fase de vida e dando o respaldo necessário para
eventuais desequilíbrios emocionais. Algumas variáveis como dificuldade de
relacionamento, tristeza, ansiedade, irritabilidade, são decorrentes do novo
comportamento alimentar e podem originar outras doenças como depressão e
alcoolismo. A própria família pode se sentir desnorteada e sem saber como agir
com o operado. Todas estas situações podem ser mais bem definidas com o
acompanhamento terapêutico.
A verdade é que quem opta pela cirurgia deve estar
ciente de que mudanças significativas acontecerão em seu modo de viver e de se
relacionar com o mundo. O acompanhamento psicológico ajudará na reorganização
desta nova vida neste novo corpo. A cirurgia bariátrica é apenas a primeira
etapa de um processo que recebe influencia direta do comportamento do indivíduo
e que deve ser visto como um projeto de mudança de vida. Jamais deve ser
encarada como a salvação da pátria!
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Imagem:
Extraída do Google Imagens
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Sobre a
autora:
Sara Costa
Dutra Sôffa Rézio, é psicóloga (CRP 09/6806) graduada
pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (Brasil), com especialização em
Terapia Cognitivo-Comportamental. Possui experiência em avaliação para
cirurgias bariátricas. Atende adolescentes e adultos.
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