Quase
todas as crianças gostam de brincar ao “faz de conta, e aos três e quatro anos
de idade algumas delas criam amigos imaginários. Este tipo de brincadeira não
só é saudável, como também é indício de que a criança está desenvolvendo sua
imaginação e suas competências cognitivas, sociais e emocionais.
Essa
viagem para o mundo da fantasia que a criança faz, geralmente não é
compartilhada com os pais. Para as crianças os amigos íntimos são coisas
preciosas, e nós, como adultos devemos respeitar.
Muitos
pais descobrem que os filhos têm amigos imaginários acidentalmente: observando
a criança conversar sozinha, ou porque “pisam” no amigo imaginário, ou até
mesmo por que a criança lhe conta aventuras que viveu com alguém que os pais
sabem que não existe.
Quando
se tem a descoberta desse amigo imaginário, as crianças geralmente são
zombadas, destruindo assim a liberdade de exploração da fantasia que eles
oferecem.
Descobrir
que o filho tem um amigo imaginário pode ser motivo de grande preocupação para
os pais, que muitas vezes se questionam se este será um sinal de que a criança
tem dificuldades em fazer amigos de carne e osso, ou de alguma perturbação de
outro tipo.
A
investigação nesta área tem, no entanto, contribuído para descansar os pais:
ter um amigo imaginário não é de todo um sinal de alarme, mas algo muito
natural! As crianças que têm amigos imaginários são geralmente tão bem
integradas em termos sociais como as outras, e estes não servem como
substitutos das relações com as pessoas reais.
A
capacidade de criar um mundo imaginário e pessoas imaginarias, de fazer com que
uma boneca ou um super-herói muito querido se torne um ser vivo, pode ser um
sinal de que a criança está desenvolvendo rapidamente a sua capacidade de
testar os limites do seu mundo.
A
grande maioria destas crianças tem a noção de que o seu amigo não é real, mas
sim inventado por si. O amigo imaginário funciona como um companheiro nos
momentos em que a criança está sozinha a brincar ou a fazer outras atividades.
Assim, as crianças com maior probabilidade de ter um amigo imaginário são os
filhos mais velhos, os filhos únicos e as crianças que veem pouca televisão.
Alguns
pais também têm receio desses amigos imaginários. Por que será?Geralmente
porque podem passar a se sentirem deixados de lado, e por isso podem ficar com
ciúmes. Quanto mais intensamente a criança protege os seus amigos particulares,
mais excluídos e ciumentos os pais tendem a se sentir.
O
amigo imaginário pode ser uma importante fonte de conforto emocional quando a
criança passa por dificuldades. Algumas crianças desenvolvem amigos imaginários
após terem passado por um trauma e esse amigo pode ser um recurso fundamental
para a criança gerir as suas emoções.
Se
os pais perceberem que é preciso acabar com a brincadeira imaginária da
criança, por ela estar muito envolvida com as suas fantasias ou muito isolada
das outras crianças, é importante seguir os seguintes passos:
-
Fale com a criança sobre o assunto, e dê-lhe a entender que você gostaria que
ela tivesse mais amigos para brincar.
-
Coloque a criança em contato com um ou dois colegas, entretanto é importante
não as forçar a estabelecer relações, apenas lhe ofereça oportunidades.
-
Quando a criança se esconder por trás dos amigos imaginários, não entre em
confronto com ela. Explique que você compreende porque ela precisa deles,
Assim,
se o seu filho tem um amigo imaginário, aceite-o em vez de tentar combater a
sua existência na vida da criança. Ao conversar com o seu filho acerca do amigo
imaginário pode descobrir aos interesses, preocupações, desejos e receios do
seu filho.
Do
ponto de vista emocional, os amigos imaginários podem servir a um importante
objetivo. Eles oferecem à criança uma maneira segura de descobrir aquilo que
ela deseja ser.
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Imagem: Extraída do Google Imagens
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Sobre a autora:
Ludmilla Rodrigues Fernandes Gomes, é psicóloga (CRP 09/11054) graduada pela
Universidade Estácio de Sá (Brasil), estudiosa da técnica DIR Fortime, atende
com ênfase na Gestalt Terapia, ministra palestras com o objetivo de fazer com
que pais desenvolvam relações mais saudáveis com seus filhos.
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